quinta-feira, 19 de novembro de 2009

No Festival de Brasília, filme revela histórias dos porões do regime militar

O Festival de Cinema de Brasília promete virar palco de polêmica na noite desta quinta-feira (19), com o lançamento do documentário inédito “Perdão, Mister Fiel”, que traz detalhes dos porões do regime militar.

O filme de Jorge Oliveira, que participa da mostra competitiva, é centrado na morte sob tortura do operário comunista Manoel Fiel Filho, que segundo o diretor é um marco na história do regime militar. "Fiel Filho foi um herói anônimo, que estava esquecido, desprezado. Ele quebrou a ditadura ao meio, mostrou que existia um governo paralelo", diz Oliveira.

O documentário também traz revelações de embrulhar o estômago sobre o destino de diversos presos políticos. Em depoimento ao cineasta, o ex-agente do DOI-Codi Marival Chaves afirma que muitos tiveram seus corpos esquartejados, entre eles o deputado Rubens Paiva.

"Marival teve a coragem de se expor dando nome aos bois, dizendo quem foi torturado, como, quando e por quem", conta o diretor alagoano, que tentou durante dois anos e meio convencer o ex-agente a conceder uma entrevista. "Acho que ele precisava desse desabafo, não queria guardar isso eternamente."
Resgate da memória política
Além de Marival Chaves, o cineasta entrevistou outras 29 personalidades, em cerca de três anos de pesquisas para traçar um panorama da repressão no regime militar, incluindo depoimentos de Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, José Sarney, Jarbas Passarinho, além de historiadores e ex-militantes políticos que foram torturados.

"Tenho esperança de que esse filme pode resgatar a memória política do Brasil, não podemos nunca esquecer as atrocidades que aconteceram neste país", diz Jorge Oliveira, que também foi preso e torturado como ativista político durante o regime militar. "Estava devendo esse filme a mim mesmo", afirma.

"Perdão, Mister fiel" disputa com outros cinco longas o Candango de melhor filme do festival, entre eles "Quebradeiras", de Evaldo Mocarzel, e "É proibido fumar", de Anna Muylaert.


Carla Meneghini Do G1, no Rio

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