(destacado o trecho onde o senador cita a cidade de Capivari)
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Devido às fortes chuvas ocorridas ao final de 2009 e o começo de 2010, inúmeras regiões do Estado de São Paulo, assim como de outros Estados, sofreram danos de vastas proporções que demandam atenção urgente do Poder Público.
Estive nesta terça-feira, 5 de janeiro, em São Luiz do Paraitinga onde, ao lado da Prefeita Ana Lúcia Billard Sicherle, percorri grande parte da cidade. Testemunhei o enorme estrago causado pela enchente do rio Paraitinga, que na madrugada do início do ano se elevou em mais de dez metros. Suas águas fortes destruíram a Igreja Matriz São Luiz de Tolosa, a Igreja Nossa Senhora das Mercês, mais de 450 moradias, 200 estabelecimentos de comércio, de artesões, pousadas, hotéis, restaurantes, bares, consultórios médicos, odontológicos, casa de repouso para idosos etc.
Dos 12.500 habitantes, estima a Prefeita que 2.100 perderam a sua habitação e grande parte de seus pertences. A Fábrica Agro Indústria Alegria, na Vila Bairro do Rio Acima, que emprega 37 pessoas, foi inteiramente derrubada. Muitas escolas foram atingidas. A Escola Municipal Professor Waldemar Rodrigues, onde estudam mais de 500 crianças do 5º ao 9º anos, foi completamente arrasada. Faz-se necessário, com urgência, arrumar o local onde vão estudar em 1º de fevereiro.
É de se ressaltar os bonitos atos de solidariedade que têm se registrado. Ali pude ouvir o agradecimento emocionado de inúmeras pessoas salvas pelos praticantes de “rafting” que, com seus botes, resgataram mais de trezentos pessoas que pulavam das janelas, do segundo andar de suas casas, para serem socorridas por esses jovens que foram chamados de “anjos com remos” pela população. Isto aconteceu, por exemplo, com uma família de cinco pessoas, cuja mãe, mais idosa e em tratamento de quimioterapia, foi alçada ao bote da janela do segundo andar quando as águas ainda subiam. Visitei a dentista, que nos últimos cinco anos teve cerca de 1.000 pacientes, a qual limpava o seu consultório com quase tudo perdido.
A cadeira odontológica com todos os aparelhos e os arquivos da história dentária de seus pacientes foram estragados pela lama que tudo invadiu. A Pousada Nativa, onde certa vez me hospedei, e o restaurante com seu proprietário e quatorze empregados não conseguiam imaginar como serão os próximos dias. Os estragos foram de tal monta que dificilmente poderá reabrir o estabelecimento antes de dois meses. As únicas agências e lugares de atendimento de caixas automáticas do Banco do Brasil, vizinhas às do Santander, foram danificadas. O mesmo aconteceu com o Fórum e o Cartório.
No mesmo dia ali estavam os responsáveis pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional (IPHAN) e do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). Tal como a Presidenta do Iphan, Anna Beatriz Ayrosa Galvão, por ter muitas vezes, nos últimos quarenta anos, visitado aquela cidade tão bonita, me senti como que a vendo bombardeada. São Luiz do Paraitinga, terra natal do querido Professor Aziz Ab’Saber, constitui um dos mais importantes patrimônios culturais do Brasil, de mais de 300 anos.
O Prefeito José Augusto de Guarnieri Pereira, de Santo Antonio do Pinhal, ali me acompanhou, tendo de pronto disponibilizado máquinas para ajudar. Assim o fizeram também os Prefeitos de Taubaté, Roberto Peixoto, de Pindamonhangaba, João Ribeiro, e Ildefonso Mendes, de São Bento do Sapucaí. O Governador José Serra e diversos Secretários como o Cel. Luiz Massao Kita, da Defesa Civil, e Sidney Beraldo, de Gestão Pública, a PM e o Corpo de Bombeiros estiveram presentes. Também o Superintendente Regional da Caixa Econômica Federal do Vale do Paraíba, Paulo Galli, lá esteve, no dia de ontem.
No município de Bofete, as pontes que ligam a zona rural à cidade e a cidade ao resto do estado foram destruídas pelas chuvas, impossibilitando o atendimento da população desabrigada e inviabilizando o início da restauração da infraestrutura municipal, além de impedir o escoamento da produção agrícola da região. Uma vez que o município possui uma economia eminentemente rural, o Prefeito Claudécio José Ebúrneo solicita a pronta atenção para minorar os prejuízos aos agricultores, que estão sem nenhum rendimento.
Os municípios de Cunha e Guararema tiveram grande parte de sua infraestrutura comprometida por conta das inclementes e volumosas chuvas das últimas semanas necessitando, em caráter imediato, do auxílio do Governo Federal, como aguardam os munícipes e os Prefeitos Osmar Felipe Junior e Márcio Alvino.No município de Capivari, mais de 400 moradores afetados pelas chuvas no fim do ano continuam impedidos de voltar para suas casas, parcialmente destruídas, e permanecem nos alojamentos da prefeitura. O Prefeito Luís Campaci necessita apoio urgente. O Rio Capivari, que alagou 850 casas na última semana de dezembro, vem baixando. Entretanto, a água ainda continua acumulada em vias e dentro dos imóveis, muitos dos quais precisam ser reconstruídos. Para piorar, o fornecimento de água continua afetado com uma diminuição de aproximadamente 1 milhão de litros de água por dia.
Com respeito à região geográfica de Campinas, todos os 17 municípios sofreram graves prejuízos com as águas do começo do ano e incorporam o rol de cidades que necessitam da ajuda do Governo Federal. Diante do exposto, a exemplo do que está sendo feito para auxiliar os municípios do Estado do Rio de Janeiro, solicito que Vossa Excelência autorize a liberação de recursos, em caráter emergencial, para a construção de infraestrutura e de moradias que possibilitem a retirada da população das áreas de risco, bem como o reassentamento das famílias desabrigadas. É muito relevante que se expanda o Programa “Minha Casa, Minha Vida” para esses municípios atingidos pelas fortes chuvas e enchentes.
Será importante que a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e o BNDES possam disponibilizar recursos, a juros baixos, para que os responsáveis por estabelecimentos de comércio, micro e pequenas empresas, pousadas, restaurantes, consultórios e outros tenham meios de reconstruir suas vidas profissionais. Que as empresas públicas deem o apoio necessário à reconstrução do valioso patrimônio histórico de São Luiz do Paraitinga. Considero válida a expectativa de muitos habitantes de que, também, o Exército possa colaborar com este esforço.
Que possa ser feita a distribuição de “kits desabrigados” e a adoção das providências cabíveis à liberação do saque do FGTS para todas as vítimas da calamidade. Sugiro fortemente que Vossa Excelência solicite a alguns de seus ministros, como da Casa Civil, de Integração Nacional, das Cidades, da Educação e do Turismo, que visitem São Luiz do Paraitinga e outros municípios atingidos para coordenar de perto as ações de reconstrução e apoio. Disponho-me a acompanhá-los na ocasião. Será importante a audiência que a Presidenta da CEF, Maria Fernanda Ramos Coelho, terá, na próxima terça feira, com os Prefeitos dos municípios atingidos, principalmente no sentido de encontrar-se a uma rápida solução de como a CEF poderá ajudá-los .
Desde já agradeço pela atenção dispensada, oportunidade em que renovo votos de elevada consideração.
Senador EDUARDO MATARAZZO SUPLICY
extraído de: http://mtv.uol.com.br/blogdosuplicy/blog
a carta é de 06/01/2010
Antes de tudo, só quero deixar claro que não sou filiado a partido político algum.
ResponderExcluirAchei essa atitude do senador Suplicy louvável, se comparada com a do nosso governador José Serra. Governador este que nem veio para Capivari, que apenas mandou um de seus secretários de helicóptero, fazer um social. Nessas horas, ele deveria vir aqui, mostrar sua solidariedade e RESPONSABILIDADE. Porque, até onde sei, ele não é governador só para a capital, e sim para todo o estado de São Paulo.
Não sei em quem vou votar para presidente este ano (se é que vou votar em alguém), mas no Serra, com certeza, não voto!