O leitor e colunista do Jornal A Gazeta, Bile Zampaulo, encaminha um artigo de um colega ´dele lá de Brasília, também, para que nada seja esquecido no aniversário de Brasília.
Do protesto à tortura
Diogo Ramalho
Sábado, dia 17 de Abril de 2010, foi mais um dia que entrou para a História
do Distrito Federal, dentro do contexto da maior crise
Institucional-Política já enfrentada pela Capital desde sua Fundação, 50
anos atras. Os protestos se iniciaram na sexta-feira a noite, através de uma
vigília convocada pelo Movimento Fora Arruda e Toda Máfia em frente à Câmara
Legislativa do Distrito Federal. Na vigília houve músicas, brincadeiras como
Mímica e reflexões.
O sábado começou agitado, das cerca de 30 pessoas que dormiram na vigília,
às 14h da tarde o número saltou para quase 300 pessoas , uma hora antes de
iniciar a seção da Câmara que elegeu o escolhido de Arruda pra Governar
Interinamente o Distrito Federal até 31 de Dezembro. Estudantes,
trabalhadores, cidadãos vieram de toda parte do DF protestar contra uma
eleição totalmente ilegitima, que dos 24 votantes do seu colégio eleitoral,
10 parlamentares e suplentes foram flagrados na Operação Caixa de Pandora: a
Eurides da Bolsa, o Geraldo Naves que saiu da Penitenciaria 4 dias antes da
votação, entre outros.
Às 15h, quando iniciava-se a seção dentro da Câmara, na rua que dá acesso à
CLDF manifestantes atearam fogo em pneus interditando por 10 minutos a via.
Às 16h dezenas de manifestantes tentaram entrar na galeria para garantirem o
ideal democrático de que na casa do povo, o povo, não pode ser impedido de
entrar, ainda mais quando em nome dele, corruptos decidem. A resposta
imediata da polícia militar, sobre o comando do Coronel Silva Filho (aquele
que em 09 de Dezembro, a mando de Arruda, massacrou com cavalaria e muita
violência 5mil cidadãos que protestavam em frente ao Palácio Buriti) foi de
repressão violenta, cacetadas para todo lado, gás de pimenta, socos e
pontapés. 20 pessoas ficaram feridas, 8 tiveram que ser atendidas em
hospitais, 2 policias se feriram, 6 pessoas foram presas. Eu fui o segundo a
ser preso.
Quando prenderam o primeiro companheiro, eu era um dos que gritavam para
soltá-lo, e gritei bem forte várias vezes “Vocês têm que prender os filhos
da puta que estão aí dentro votando em nosso nome”. No meio do caos, muita
confusão, um tenente já conhecido meu de outros protestos, olhou no meu olho
enfurecido e disse que prenderia a mim. Eu disse “Prende então, não estou
fazendo nada”. Fui preso por desacato a autoridade.
A PM estava enfurecida, mas fui conduzido primeiro para a 2º DP, onde já
encontrei rapidamente com o advogado do Movimento Fora Arruda e Toda Máfia,
que me orientou a ficar em silêncio até a chegada dele na DRPI, para onde eu
estava sendo transferido, pois era um direito constitucional meu. Fiquei 30
minutos na viatura, sem sofrer qualquer violência dos Policiais Militares
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