Por Bile Zampaulo direto da Capital Federal
Ao invés de discutir num contexto nacional prefiro delimitar essa questão tão polêmica para nossa Capivari; cidade onde a presença afro se faz visível, na alegria do carnaval e na tradição do batuque de umbigada, mas onde muitos ainda têm, às vezes em doses exageradas, o preconceito racial.
Sei que muitos são contra as cotas, chamadas raciais, mas que na verdade são cotas sóciorraciais, pois leva em conta também o padrão econômico dos estudantes, e quando falamos em classe social já podemos pinçar a principal motivação para a criação do sistema de cotas, pois “coincidentemente” a maioria dos pobres de Capivari são afrodescendentes e tal fato se explica por acontecimentos históricos que remontam ao “final forçado” da escravidão no Brasil, sem nenhuma relação com a “Santa Isabel”.
Para ilustrar: - Fui professor do Anglo por treze anos e do Padre Fabiano por um ano, no colégio particular nesse longo período lembro-me de apenas dois alunos afrodescendentes, já no Fabiano posso afirmar que são mais de 50 %. E daí emerge a pergunta óbvia: - Por que isso acontece? É natural? Eles são menos capazes? Menos interessados? Não!!! Eles são herança da escravidão no Brasil, herança das Capitanias Hereditárias que eu nunca consegui decorar; e não me digam que vocês não têm culpa disso, que nunca tiveram escravos, pois o Brasil teve, e a dívida nós, todos nós herdamos.
Numa cidade e num país, onde seguramente, ao menos metade da população é originária da Mama África, e onde eles estão pouco presente nos centros de poder, de educação, da economia é obrigação de um governo verdadeiramente popular e democrático olhar de forma especial para essa parcela tão sofrida de nosso Brasil.
Sou a favor das cotas raciais nas universidades, a favor do Bolsa Família, a favor do Programa de Cisternas para o Semi Árido, a favor do povo brasileiro e capivariano. E entendo por povo, a maioria, os que movem a engrenagem, os que dão ritmo à escola de samba, os nossos companheiros.
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